Na nova proposta do Programa de PD&I regulado pela ANEEL, a determinação dos níveis de maturidade (TRL) ganham relevância na competitividade entre as executoras.
A inovação está no centro do desenvolvimento do setor elétrico. Entendimento que é reforçado na nova proposta de programa PD&I regulado pela ANEEL. Com aplicação a partir de janeiro de 2023, o programa dá novos contornos à prospecção tecnológica, com um modelo que incentiva o alinhamento estratégico do portfólio de programas e de projetos das empresas com a inovação, garantindo assim a inserção de produtos, serviços e negócios no mercado de energia elétrica.
Neste cenário de incremento aos ambientes de inovação, a determinação de Níveis de Maturidade Tecnológica passa a ser um fator importante para competitividade das executoras: startups, consultorias, universidades ou empresas tecnológicas. O grau de maturidade tecnológica tem o intuito de direcionar melhor a avaliação realizada pelas empresas a respeito das tecnologias prospectadas, substituindo o conceito vigente até então de cadeia de inovação.
O termo “maturidade tecnológica” foi criado na década de 1950 e originalmente se referia “às necessidades humanas, ao crescimento econômico e à progressão da tecnologia da informação nas organizações”. Durante as décadas de 1970 e 1980, como parte do esforço da NASA para desenvolver um modelo de sistema de mensuração de maturidade tecnológica na fase de aquisição de um programa, criou-se o método TRL.
Os Níveis de Prontidão de Tecnologia ou Technology Readiness Level (TRL) é uma ferramenta de avaliação tecnológica que auxilia, sobretudo, na comunicação. Ela permite estabelecer os níveis de maturidade de uma tecnologia entre cientistas, técnicos e gerentes nos processos de desenvolvimento e, assim, entender os riscos tecnológicos associados.
O nível TRL é definido após um processo de avaliação denominado em inglês Technology Readiness Assessment — TRA, que considera aspectos conceituais, necessidades da tecnologia e demonstração do potencial tecnológico. A escala varia de TRL1 (tecnologia sendo descoberta) até TRL9 (tecnologia pronta para entrar no mercado).
Com a adoção do método por diversas instituições, passou-se a ter um vocabulário comum para descrever os graus de maturidade tecnológica. De acordo com descrição do Departamento de Energia dos EUA — DOE, os graus de maturidade tecnológica seriam:
TRL1: fase de ideias
*Possíveis indicadores: ideia acerca da tecnologia, a partir do conhecimento do estado da arte, da técnica e da inovação, por exemplo, partes de artigos ou documentos de patentes;
TRL 2: pesquisa exploratória baseada num conceito tecnológico e/ou ideia de aplicação, podendo ser chamada demonstração preliminar.
Possíveis indicadores: mapeamentos de big data com palavras-chave acerca da tecnologia; a tecnologia é citada em resumos de congressos, hackathons, entre outros;
TRL 3: pesquisa sistemática baseada no mínimo de resultados favoráveis.
Possíveis indicadores: publicações de artigos em revistas indexadas acerca da tecnologia;
TRL 4: validação dos componentes da tecnologia em ambiente de laboratório
Possíveis indicadores: patentes de invenção relacionadas à tecnologia, incluindo “patentes acadêmicas”.
TRL 5: validação dos componentes da tecnologia em ambiente relevante
Possíveis indicadores: licenciamentos da tecnologia, ou depósitos de patentes de invenção por empresas, com ou sem titularidade com organizações acadêmicas, e diversas patentes, como Patent Cooperation Treaty, com objetivo da exportação da tecnologia desenvolvida.
TRL 6: avaliação do protótipo ou modelo representativo num ambiente relevante.
Possíveis indicadores: patentes de modelo de utilidade acerca da tecnologia, e é possível obter outros dados em balanços mobiliários e balanços sociais de empresas relacionados à tecnologia.
TRL 7: avaliação da tecnologia próximo do real em ambiente operacional.
Possíveis indicadores: potencial de comercialização para se ter melhor ideia de valoração da tecnologia.
TRL 8: validação das condições especificadas pela tecnologia em num sistema real.
Possíveis indicadores: estudos de mercado acerca da tecnologia, bem como verificação de homepages de importação e de exportação para comparar tecnologias similares já existentes e potencial de mercado.
TRL 9: tecnologia está finalizada e pronta para comercialização.
Possíveis indicadores: arcabouço legal e permissão de comercialização, especialmente para produtos com acesso a conhecimentos tradicionais, biodiversidade e produtos biotecnológicos destinados à saúde e à alimentação.
* A descrição dos níveis de TRL em relação aos indicadores foi adaptada do texto presente na minuta PROPDI da ANEEL.
Tabela adaptada da minuta PROPDI ANEEL 2O21
A evolução dos níveis de TRL nem sempre é linear. Em muitos casos, a evolução se assemelha a um funil permeável de inovação aberta, como mostrado na figura abaixo, em que, ao “longo do desenvolvimento de uma tecnologia, são identificadas outras oportunidades (incorporadas ao desenvolvimento da tecnologia) e geradas tecnologias novas, mas em grau de maturidade menor”, conforme esclarece texto da minuta do Procedimentos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PROPDI).
Modelo conceitual de inovação aberta e sua relação com a escala TRL retirado da minuta PROPDI ANEEL. Fonte: EMBRAPA 2017
Como vimos, o TRL é importante para avaliar o nível de maturidade das tecnologias prospectadas e, assim, identificar o risco tecnológico de cada tecnologia, antes da sua aplicação em projetos de P&D, conforme já descrito.
Com isso, a aplicação do TRL pode contribuir para reduzir o risco no desenvolvimento de novas tecnologias, ao se converter em uma ferramenta ou métrica que avalia a incerteza antecipada nas atividades de pesquisa e desenvolvimento.
A mensuração do TRL pode ser realizada por meio do TRL Calculator, uma ferramenta desenvolvida pelo Laboratório de Pesquisa da Força Aérea Americana (AFRL), usando planilhas em Excel, que permite a seleção de diversos itens descritivos relacionados aos níveis de TRL. E então, pronto(a) para calcular o nível de maturidade da sua proposta?
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