Como a tecnologia 5G vai impactar o Setor Elétrico Brasileiro

abr. 20, 2022

Saiba mais sobre o impacto dos investimentos em ambientes virtuais imersivos para impulsionar a inovação no setor de energia.

Tecnologia

O termo 5G entrou no radar dos brasileiros, de forma expressiva, através da publicidade das companhias telefônicas. Elas fazem parte do grupo de empresas que vem acompanhando de perto a evolução da conectividade da rede móvel e agora comemoram a chegada da tecnologia no Brasil. Mas os seus benefícios vão muito além de uma conexão mais rápida de internet para celular. O 5G é uma tecnologia disruptiva, que vai impactar diversos setores da economia e abrir leques de oportunidades para indústrias, destravar a criatividade e a interatividade e viabilizar novos modelos de negócio, inclusive no setor elétrico. 


Desenvolvimento de cidades inteligentes, mobilidade urbana, sistemas de saúde com cirurgias e exames à distância, veículos autônomos, tecnologia na educação e indústria do entretenimento com máxima qualidade são algumas das áreas que também serão beneficiadas com o padrão 5G.

Diferenciais da tecnologia 5G

A rede 2G foi projetada para a transmissão da voz, mensagens de texto e pequenas quantidades de dados; a 3G para navegação em sites e compartilhamento de dados; a 4G, com ainda mais velocidade, incentivou o consumo de streaming de música, vídeo e games. Já a tecnologia 5G possui características revolucionárias que vão mudar a forma como interagimos com as pessoas e com as ‘coisas’. Isso porque, diferente do que vinha acontecendo com as gerações anteriores de telefonia celular, a quinta geração de conectividade de rede móvel foi desenvolvida com foco na comunicação entre objetos, ou seja, na Internet das Coisas (IoT - sigla para o termo em inglês ‘Internet of Things’). 

A começar pela velocidade: a conexão da rede 5G é até 100 vezes mais rápida do que a 4G, o que reflete na grande capacidade de transmissão de dados. No comparativo, a navegação do 4G pode chegar a 300Mbps de download e 75Mb de upload, enquanto a do 5G atinge 10Gbps. 

Além disso, a capacidade/densidade da rede 5G pode suportar até 1 milhão de dispositivos por km², ou seja, um grande número de equipamentos pode estar conectado a uma mesma rede e a operação remota continuar acontecendo de forma segura. No padrão 4G, a cobertura é de 10 mil aparelhos por km². 

Outra vantagem em relação às gerações anteriores é a baixa latência (abaixo de 1 milissegundo), assegurando atrasos mínimos na velocidade de resposta. Dessa forma, a tecnologia é capaz de revolucionar a produção industrial no país, já que permite que equipamentos complexos ou perigosos sejam operados remotamente e em tempo real. É o caso de maquinário pesado, como guindastes, e até mesmo o manuseio de equipamentos de alta precisão, para a realização de cirurgias a longa distância. 

A tecnologia 5G surge baseada em estruturas de redes SDN (Software-Defined Network) e Cloud Computing. Isso significa menor investimento em equipamentos, redução do tempo de implantação e melhores condições de oferecer cobertura de internet móvel de qualidade e acessível. Assim, será possível ter antenas 5G instaladas em postes para iluminação pública, em estruturas de prédios e empresas em geral. Esse modelo de instalação simplificada e o fatiamento virtual da rede também vão favorecer investimentos que impactam diretamente na economia do país. 

A tecnologia 5G vai acelerar a indústria 4.0 no Brasil

O desenvolvimento da rede 5G é um marco na quarta revolução industrial e se faz fundamental na digitalização de setores como o varejo, o agronegócio e o setor de energia. 


Além de maior velocidade, grande capacidade de transmissão de dados e baixa latência, aspectos fundamentais na produção industrial, o 5G possibilita ainda o encurtamento das cadeias logísticas e das distâncias geográficas. Por exemplo: se for necessária a reposição de peças de maquinário industrial, elas poderão ser produzidas rapidamente através de impressão 3D comandada de forma remota por empresas de outros países. 



Em resumo, o 5G favorece a automatização da indústria, traz mais eficiência e segurança para os processos, desburocratiza o trabalho operacional, é capaz de melhorar a produtividade e trazer mais competitividade perante o resto do mundo. A troca de informações e a digitalização de empreendimentos tornam-se muito mais viáveis e efetivas. 

O padrão 5G no setor elétrico

O 5G será fundamental para os avanços do Setor Elétrico Brasileiro (SEB), que por sua vez, vai precisar se adaptar às inovações para a criação de sistemas, soluções e serviços voltados para a indústria e para o consumidor final (cabe lembrar que alguns produtos de inovação, caso dos carros elétricos, terão relação direta com a rede 5G...).


Assim como na indústria, a chegada da rede de quinta geração no setor de energia vai proporcionar uma grande transformação e criar inúmeras oportunidades. Com mais velocidade e conexões mais estáveis, o controle dos sistemas elétricos, que hoje é realizado com medições locais e pouca comunicação para a transmissão de dados, vai poder ser efetuado de forma muito mais rápida e precisa. Também será possível ter acesso rápido às informações sobre a geração de energia em diversas partes do país, em tempo real. O 5G, aliado à inteligência artificial, robótica, sistemas de IoT e análise de dados será capaz de gerar informações de valor para embasar tomadas de decisão mais estratégicas no segmento. 


Segundo Asha Keddy, vice-presidente corporativo e gerente geral da Intel, o 5G é a primeira rede projetada para ser escalável, versátil e eficiente em termos de consumo energético. 

Com a tecnologia de quinta geração, será possível ter controle sobre os dispositivos elétricos em casa, mesmo que estejamos fora dela. Através de um aplicativo no smartphone, as pessoas podem controlar a intensidade e ligar ou desligar equipamentos, visando mais conforto e economia de energia.  A projeção é de que, em alguns anos, as casas tenham sensores inteligentes interligados via 5G para detectar também problemas elétricos e de gasto de energia, auxiliando assim na manutenção das residências e empresas. 


Outro benefício está relacionado ao conceito de Smart Grids. Com o 5G, os dados serão coletados e transmitidos com mais velocidade pelos sensores e as redes elétricas inteligentes poderão ser adotadas de forma mais ampla e com mais facilidade, para a geração de energia sustentável e maior eficiência energética. 

Já é possível desfrutar da tecnologia 5G no Brasil? 

O 5G já está disponível em mais de 30 países. Estados Unidos, Japão, China, Austrália, Noruega, Finlândia e Alemanha são exemplos que desfrutam da tecnologia. A Coreia do Sul foi o primeiro país a lançar comercialmente a rede 5G – isso aconteceu há dois anos.


Em novembro de 2021 ocorreu o leilão de radiofrequências para as redes de tecnologia 5G no Brasil. Realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Ministério das Comunicações (MCom), o pregão resultou em uma arrecadação total de R$ 47,2 bilhões. Após o leilão, a rede 5G começou a ser utilizada pelas companhias telefônicas no Brasil. A TIM, Claro, Algar Telecom e Vivo estão utilizando a frequência de 2,3 Ghz para oferecer o 5G em locais específicos. Segundo estimativa da Anatel, será possível utilizar o padrão 5G nas capitais brasileiras até o final de julho de 2022. 


Com a tecnologia, o país abre suas portas para investimentos globais e as previsões são bastante satisfatórias para a economia. De acordo com os dados do estudo promovido pelo International Data Corporation (IDC), encomendado pelo Movimento Brasil Digital, espera-se que a rede 5G movimente cerca de R$22,5 bilhões em negócios até 2024. Dessa quantia, estima-se que R$ 2,5 bilhões provenham de investimentos de empresas brasileiras. 


Mas, para que seja possível aproveitar as suas vantagens, cabe lembrar que o processo de implantação é complexo e exige adaptações nas leis municipais e na infraestrutura das cidades. Como exemplo: o tipo de antena a ser utilizado pelo 5G difere do sistema usado pelo 4G. Além disso, o padrão de quinta geração necessita de densidade maior de replicadores de sinal – ou seja, nos grandes centros urbanos deve haver uma antena para cada 100 mil habitantes, número dez vezes maior do que o utilizado na rede 4G. 



Neste cenário repleto de possibilidades de atuação, é de extrema importância que as empresas desde já avaliem as tendências e antecipem suas aplicações no setor de energia elétrica, a fim de garantir mais competitividade no mercado brasileiro e internacional. 


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