Entenda como funciona o Setor Elétrico Brasileiro

fev. 22, 2022

Apesar de fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do país, o sistema elétrico brasileiro ainda é desconhecido para boa parte da população.

Ecossistema

A energia elétrica é a principal fonte de luz, calor e força do mundo contemporâneo. Para 99,7% da população brasileira, segundo dados do IBGE, basta acionar um interruptor ao ligar uma lâmpada, uma televisão ou um computador. Um gesto tão simples e automático, no dia a dia, que acaba não ganhando a atenção ou sendo um processo pouco conhecido. No entanto, o trajeto percorrido pela energia elétrica, desde a sua geração até as residências e as empresas, é longo e envolve diferentes atores.


No Brasil, a principal fonte de geração são as hidrelétricas (água corrente dos rios), responsável por 66,6% da capacidade instalada em operação. Em segundo lugar, as termelétricas (gás natural, carvão mineral, combustíveis fósseis, biomassa e nuclear) com 25,2%. O restante é proveniente de usinas eólicas (energia dos ventos) com 7,6% e, ainda incipiente, a solar 0,5%.


A força dos ventos apresenta bom crescimento ao longo dos últimos anos. O país chegou à oitava colocação do ranking mundial de capacidade instalada e cresceu 14% em 2018, com base no ano anterior, de acordo com os dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

A combinação de energia proveniente das águas correntes dos rios e dos ventos faz a matriz elétrica brasileira ser considerada uma das mais limpas, dando ao Brasil importante contribuição na mitigação das mudanças climáticas.


Em 2018, o país consumiu 2% da energia mundial (288,4 milhões TEP) e emitiu 410,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), o que representa uma emissão de CO2 39% inferior à média mundial e 36% inferior ao do bloco dos países desenvolvidos (OCDE), conforme dados do Ministério de Minas e Energia.


Os números positivos refletem a grande participação de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira que, em 2018, alcançou 83,3%, contra 16,7% de fontes não renováveis. No mundo, o uso de fontes renováveis chega somente a 26%, sendo baseada principalmente em combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural.

O caminho da energia no Brasil

Antes da transformação em eletricidade, a energia percorre um longo caminho, cruza centenas de quilômetros de linhas de transmissão e sofre muitas mudanças.



O setor elétrico brasileiro é dividido em geração, transmissão e distribuição. As geradoras produzem a energia, que será transportada pelas transmissoras do ponto de geração até os centros consumidores, onde as distribuidoras passam a ser responsáveis pelo entrega na casa dos consumidores. Há ainda as comercializadoras, empresas autorizadas a comprar e vender energia para os consumidores livres (geralmente consumidores que precisam de maior quantidade de energia).

O sistema elétrico brasileiro possibilita o intercâmbio da energia produzida em todas as regiões do país, com exceção dos sistemas isolados, localizados principalmente na região Norte. Ao longo dos anos, as localidades dos sistemas isolados vêm sendo interligadas. Hoje, existem cerca de 250 localidades, que representam 2% do mercado nacional. O trânsito da energia entre as regiões é possível graças ao Sistema Interligado Nacional (SIN), uma grande rede de transmissão com quase 150 mil quilômetros de extensão.

O Papel da ANEEL

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é responsável por regular o setor elétrico dentro de suas competências legais. Criada em 1996, é uma autarquia em regime especial vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME).


A agência reguladora normatiza as políticas e diretrizes estabelecidas pelo Governo federal para o setor elétrico, fiscaliza a prestação do fornecimento de energia elétrica à sociedade e faz a mediação de conflitos entre os agentes do setor. Também define as tarifas de energia, de acordo com o que está estabelecido em lei e nos contratos de concessão assinados com as empresas; e, mediante delegação do MME, concede o direito de exploração.



Outro importante papel da agência está na regulação do investimento do programa de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Uma vez que a demanda nacional aumenta, o programa tem o objetivo de promover inovação no setor elétrico para melhorar a segurança e o fornecimento de energia elétrica. A população brasileira deve crescer 7% até 2030, de acordo com o IBGE, chegando a aproximadamente 225 milhões.



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