Bruno Cecchetti, diretor de Tecnologia de Rede e Inovação da Enel Brasil, conta como a empresa acredita na colaboração para impulsionar resultados no setor.
Maior empresa privada do setor elétrico nacional, a Enel Brasil tem como estratégia a visão “Open Power” voltada ao acesso da energia a mais pessoas e a novas tecnologias. A companhia investe em parcerias globais com empreendedores e startups, formando uma rede, interna e externa, com mais de 500 mil pessoas.
Em entrevista ao Energy Future, o diretor de Rede e Inovação da Enel Brasil, Bruno Cecchetti, destaca a inovação aberta como o caminho direto para transição energética no setor elétrico e para uma atuação mais eficaz. Ele também faz uma análise do impacto do novo coronavírus no mercado de inovação e esclarece as oportunidades de investimento para projetos que tragam resultados concretos, com retornos sustentáveis para a sociedade: “Inovação não é P&D e não é invenção”.
Confira abaixo a entrevista completa:
Adotamos uma série de medidas para esse período da pandemia. Todos os colaboradores administrativos da companhia estão trabalhando em casa desde o dia 16 de março. Neste momento, somente os colaboradores de campo (eletricistas e leituristas, por exemplo) e os dos Centros de Operações do Sistema (COS) das distribuidoras seguem atuando presencialmente. A companhia continua com a força de trabalho, com todas as medidas de segurança necessárias, para causar o menor impacto possível aos clientes.
Antes de aplicarmos o home office na empresa, já tínhamos adotados algumas diretrizes preventivas, como a disponibilidade de recipientes com álcool em gel em todas as áreas operacionais e administrativas da companhia. Restringimos o acesso ao Centro de Operações para colaboradores lotados no setor. Instruímos as nossas equipes de campo, por meio de Diálogos Diários de Segurança, sobre os riscos e cuidados com o novo coronavírus. Também foram suspendidas as participações em eventos e viagens nacionais e internacionais.
O coronavírus já está impactando não somente a economia brasileira, mas mundial, prejudicando ações, interrompendo viagens, impactando a rotina diária de muitas pessoas de ida ao trabalho e colocando milhares de pessoas em quarentena em todo o mundo. Empresas não só do Brasil, mas de todo o mundo já estão sentindo o efeito dessas mudanças. Segundo a previsão de economistas, o vírus resultará em uma perda econômica muito alta.
É inevitável que os investimentos em projetos de inovação e startups serão impactados por essa a situação econômica, porém, em contrapartida, pode ser uma oportunidade para as empresas, governo e empreendedores se reinventarem e se adaptarem. Assim como um novo cenário está surgindo, novas necessidades surgirão e com elas se desenvolvem soluções e projetos inovadores.
Assim como um novo cenário está surgindo, novas necessidades surgirão e com elas se desenvolvem soluções e projetos inovadores.
O Setor de Energia está vivendo uma revolução, que chamamos de transição energética. E o que é? A confluência de diferentes tecnologias com custos sempre mais acessíveis permite uma nova abordagem, resumida em quatro pilares: descarbonização, digitalização, eletrificação e urbanização.
Na Enel, atuamos fortemente para acelerar a transição energética para trazer o máximo de benefícios para a sociedade, para isso somos “Open Power”, acreditamos que com inovação aberta seremos mais eficazes e buscamos constantemente parceria com empreendedores e startups.
Com 10 hubs de inovação em todo o mundo, a empresa já ativou mais de 180 parcerias e escalou mais de 40 soluções, qual é o diferencial das parcerias estabelecidas com a Enel?
A Enel atua como um parceiro industrial, compartilhando seu know-how e fornecendo acesso a suas instalações e clientes para testar e desenvolver ainda mais soluções e serviços. Aproveitamos nossas redes internas e externas como parceiros para a formação de um ecossistema de mais de 500 mil pessoas. Os nossos hubs são a ponte entre as linhas de negócios da Enel e os ecossistemas mais inovadores do mundo. Estruturamos a organização para apoiar esse modelo, impulsionar as metas de negócios e escalar as soluções globalmente.
O Setor de Energia Elétrica brasileiro se beneficia de importantes oportunidades, alguns instrumentos pró-inovação que permitem fortalecer o foco em desenvolvimento de novas soluções.
Como destaque e diretamente relacionado com a iniciativa do Energy Future, temos o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel que promove a cultura de inovação, estimulando a pesquisa e desenvolvimento no setor elétrico brasileiro. Tem servido para aproveitarmos a experiência internacional do Grupo Enel e desenvolver nacionalmente e também incorporar soluções tecnológicas de ponta para o Brasil.
Um exemplo é o projeto Urban Futurability, que anunciamos no fim do ano passado, e tem por objetivo desenvolver e testar tecnologias para uma Smart Grid digital. A companhia vai aplicar no local mais de 40 iniciativas de digitalização e inteligência artificial, inéditas na América do Sul, para gestão da rede de energia. Serão investidos mais de R$ 125 milhões no projeto, usando recursos próprios, o programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e outras fontes de financiamento.
Estamos transformando a infraestrutura elétrica da região numa plataforma digital, inteligente e sustentável que possibilitará novas aplicações e o uso mais eficiente da energia. Vamos criar uma réplica digital tridimensional da rede elétrica daquela área, incluindo o mapeamento de ativos de telecomunicações, iluminação pública e semáforos, por exemplo. Com isso, vamos poder compartilhar informações estratégicas com outrosstakeholderscomo o poder público e outras empresas de serviços, melhorando a gestão de diversos serviços públicos e privados na região.
Além disso, sistemas inteligentes vão nos ajudar a identificar ativos que possam interferir na operação da rede elétrica, como árvores próximas aos cabos. A tecnologia será capaz de verificar como a rede da Enel convive com as árvores e outros elementos externos. As informações geradas vão alimentar um grande sistema de inteligência artificial que vai monitorar e propor o melhor plano de manutenção preventiva da rede elétrica.
Numa segunda fase do projeto, também queremos incorporar soluções de mobilidade elétrica, mobiliário urbano conectado e iluminação inteligente da Enel X, nossa empresa de soluções avançadas em energia. Em resumo, a Vila Olímpia é hoje um grande laboratório para começarmos a preparar São Paulo para o futuro das cidades inteligentes.
Grande parte da inovação que fazemos é por desenvolvimento de hardware e para uso específico setorial. Neste sentido, conseguimos aproveitar da inovação gerada nos ambientes de startups mais transversais, porém precisamos atrair empreendedores que percebam a grande oportunidade que o setor representa.
Temos diversos desafios como a melhoria da confiabilidade e segurança de redes, melhoria na eficiência operacional, melhora da produtividade da capacidade instalada, redução do impacto ambiental dos sistemas elétricos.
“Precisamos atrair empreendedores que percebam a grande oportunidade que o setor representa.”
Para nós, o Energy Future surge como uma iniciativa para atrair empreendedores para desenvolver projetos conosco e assim se tornarem fornecedores do nosso Grupo nacional e internacionalmente, mas também no próprio setor. A parceria com demais concessionárias é para somarmos esse discurso de oportunidade de acessar os recursos disponíveis para fazer algo de concreto e relevante, que melhore nossas operações e traga benefícios para a sociedade.
Nossa expectativa é a de movimentar o setor elétrico e aplicar de maneira efetiva os recursos existentes em projetos do seu desenvolvimento até sua inserção no mercado. Inovação não é P&D e não é invenção. O sucesso da inovação deve ser medido pela capacidade concreta de seus resultados trazendo retorno sustentável para a sociedade. Devemos fomentar nosso ecossistema, dar visibilidade ao potencial de investimento que temos e aos desafios do setor. Temos que nos unir, colaborar uns com os outros.
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