Entrevista com Raphael Pereira da Accenture: Desafio Cibersegurança no Setor Elétrico

fev. 22, 2022

Responsável por Cyber OT na Accenture, Raphael orienta proponentes que queiram inscrever sua proposta na chamada setorial, com inscrição aberta até 18 de fevereiro.

Entrevista

desafio da Cibersegurança no Setor Elétrico busca mapear soluções e organizações que possam contribuir com o tema para o Setor Elétrico Brasileiro. É resultado de um esforço conjunto do Energy Future e a Accenture com as empresas: Furnas, Energisa, 2W Energia, Pacto Energia, Cepel, EDP, Atiaia Energia e Urca Energia, que participam como embaixadoras do tema e avaliadoras ao longo da seleção da chamada. 


Para ajudar os proponentes na aplicação da proposta, o Energy Future realizou uma entrevista com Raphael Pereira, responsável por Cyber OT na Accenture. Confira o resultado desta conversa!

Como a chamada setorial vai endereçar os desafios da cibersegurança no setor elétrico?

O desafio setorial tem um papel fundamental na entrega de produtos e serviços inovadores que se conectam tanto ao contexto quanto à relevância de cyber. Temos uma característica importante, principalmente no setor elétrico, que é o fato de cada empresa olhar para o cyber de sua própria organização e não ter ainda mecanismos de trocas de informações sobre ataques, riscos, padrões, novas ameaças e até efetivamente troca de conhecimento e experiências. Esse é um ponto que o desafio traz na sua essência: conectar todos os diferentes atores do setor para pensar junto. 

"Esse é um ponto que o desafio traz na sua essência: conectar todos os diferentes atores do setor para pensar junto."

Quais são os objetivos buscados com essa chamada? 

Primeiro objetivo muito crítico é aumentar a resiliência cibernética do setor elétrico. Resiliência está ligada a você criar mecanismos que protejam o setor, mesmo em condições de ataque. É ter caminhos: ou de ajuda, ou de construção, ou de recuperação, que garantam que o setor, mesmo sob ataque, ou em caso de uma parada, continue a operar, entregar serviços para os consumidores. 


E ao olhar para resiliência temos outro objetivo: como coordenar respostas a ataques ao setor? E veja que é muito mais fácil se defender em grupo que se defender sozinho. Assim, queremos receber propostas que tragam, dentro da coordenação de respostas a ataques, caminhos de troca de informação e conexão entre as empresas, aceleradores na comunicação com todos os stakeholders; caminhos de troca de informação entre os sistemas de segurança, respeitando os limites das barreiras lógicas, físicas e de negócios, que devem ser mantidos.


Outro objetivo é como a gente reduz o impacto de um ataque e acelera o tratamento do incidente, com a recuperação de um sistema, a recuperação de uma malha de geração? E, assim, entender como a gente faz com que os benefícios da inovação não sejam interrompidos, por não haver uma confiança em cyber ou por não ter controles pré-definidos, avaliados e estudados para suportar aquela inovação em conjunto com o projeto.


E, não menos importante, temos o objetivo de desenvolver talentos. Fazer o reskill dos profissionais que efetivamente estão hoje trabalhando no setor. E ainda garantir que os novos profissionais, que estão começando a carreira, estejam conectados a esse desafio de cyber e inovação, compreendendo melhor os riscos e protegendo o setor.


Todos esses objetivos citados estão conectados, e de forma isolada não resolvem o problema. O olhar é para diversas ações que vão se complementar e trazer resiliência.

“é muito mais fácil se defender em grupo que se defender sozinho.”

O desafio setorial de cibersegurança é dividido em 5 categorias: treinamentos, inteligência de ameaças, resposta a incidentes, padrões de segurança e tecnologias de proteção. O que motivou a escolha?

Através de uma pesquisa, em conjunto com alguns agentes do setor, entendemos que as categorias são fundamentais e que se conectam aos principais objetivos da chamada de inovação. Um ponto fundamental na construção desta chamada é que, neste momento, não estamos preocupados se o processo de inteligência de ameaças ou de respostas a incidentes usa a tecnologia do fornecedor A, B ou C. A preocupação é ver, de forma muito clara, como vai ser tratado o problema do setor em relação à inteligência de ameaças. E, lógico, se o modelo criado, a proposição, para de pé com o uso de tecnologia e conhecimentos específicos.


Que recomendações você faria a quem deseja se inscrever no desafio setorial?

Quem busca entrar no desafio deve ter em mente as 5 categorias, que nós elencamos. E refletir: qual é o meu objetivo em relação à minha proposição? O que eu estou buscando resolver quanto ao problema proposto? Além disso, levar em conta a pergunta: como que eu vou realmente implementar, olhando para tecnologia, para integração do setor, para os participantes e inputs necessários?


Também precisa pensar o que pode dar errado. Não que estejamos preocupados com o erro, mas se já olharmos agora, é possível mensurar os riscos do projeto, e mesmo as oportunidades já mapeadas quanto a esses riscos. 


Por fim, toda essa jornada deve estar conectada à questão financeira. O ROI deste investimento que vai ser feito em inovação. E o quanto ela pode ser custeada por diferentes agentes do setor e ganhar autonomia após o processo do ciclo de inovação.


Na sua visão, quais são os acertos no desenvolvimento de soluções no tema da cibersegurança?

Temos diversas soluções de cyber já implementadas e desenvolvidas no mundo. Um landscape que cresce todos os dias. Para mim, acertos no desenvolvimento da proposta é primeiro: olhar com profundidade o problema. De uma forma clara, estabelecer já no começo o target e a proposição de valor para o negócio. O que vai gerar de proteção de cyber para o setor elétrico? E este é um ponto relevante: olhar para o setor e não olhar para uma empresa.

“olhar para o setor e não olhar para uma empresa”.

Outro ponto que considero ser crucial para uma boa solução é o quão fácil ela é de ser utilizada, de fácil integração, o quanto trabalha, de forma muito direta, com a conexão dos diversos perfis, que estão dentro da rede de operação, dentro da área de TI, dentro das tecnologias.


E ter uma jornada. Não precisa acertar de primeira tudo, mas tem que ter um desenho para o todo.Ter a primeira, segunda, terceira versão com um olhar de crescimento da solução para o setor, considerando plugs, conexões, novos desenvolvimentos. 


Tudo isso cria um caminho de acertos. E não necessariamente a solução precisa ser abrangente. Ela pode resolver um problema único do setor (...) Mas precisa ter maleabilidade de se transformar ao longo do tempo. Neste sentido, é importante buscar a adoção de tecnologias que tenham uma maior perenidade ou proteção a essa perenidade. Isso traz um maior conforto a quem tá investindo.

Para aplicar sua solução de inovação na chamada setorial de cibersegurança, acesse: https://www.energyfuture.com.br/agenda-setorial




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